Frescura é condenado por ‘dar balão’ no Gaeco e atrapalhar investigação de corrupção em Sidrolândia
Gaeco não conseguiu apreender celular do empresário, que teria escondido aparelho em bunker Gabriel Maymone - 26/05/2025 - 16:19
Empresário apontado como um dos operadores do esquema de corrupção em Sidrolândia comandado pelo ex-vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB), Ueverton Macedo da Silva, o Frescura, foi condenado à pena de 3 (três) anos e seis meses de reclusão em 11 (onze) dias-multa, em regime inicial semiaberto, acusado de obstrução da Justiça.
Conforme decisão do juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, Ueverton poderá responder ao processo em liberdade até o trânsito julgado, ou seja, quando não houver mais possibilidade de recurso.
Na ação, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) denunciou Frescura após não conseguir apreender o celular do acusado.
À Justiça, o Gaeco afirma que Ueverton teria confessado que escondeu o celular em um bunker em sua casa, e isso atrapalhou as investigações. Vale ressaltar que só foi possível chegar ao ‘chefe’ do esquema a partir de dados extraídos do celular de Frescura na segunda fase da operação Tromper, que revelou desvios milionários chefiados por Claudinho Serra, na época em que foi secretário de fazenda durante administração da ex-prefeita, sogra do tucano, Vanda Camilo.
Dessa forma, o magistrado considerou a importância da apreensão do aparelho para as investigações: “A investigação tinha como escopo exatamente apurar uma estrutura criminosa, que se comunicava e realizava fraudes por meio de fraude documental, digital […]. Portanto, o armazenamento de dados nos equipamentos eletrônicos eram essenciais para estabelecer os agentes da organização e os crimes cometidos”.
Por fim, o juiz concluiu: “Isto é, a conduta do agente de fato impediu o acesso e extração de dados do equipamento, cujo conteúdo não pode ser analisado. Estando evidente sua adequação ao delito em questão“.
No decorrer do processo, Frescura alegou que o fato de não entregar celular para equipes do Gaeco, durante cumprimento de mandados judiciais, não ‘embaraçou’ as investigações.
Conforme o advogado Fábio de Melo Ferraz, que representa o empresário no processo — sem mencionar que se tratava de busca e apreensão determinada pela Justiça —, não entregar o celular para o Ministério Público não caracterizaria obstrução à Justiça, já que o MP não é classificado como um órgão do Poder Judiciário.
Em audiência sobre o caso, Ueverton preferiu ficar em silêncio.