Na diretoria há 20 anos, Deumeires quer manter atual política e ser 1ª negra a presidir Fetems Edivaldo BitencourtBy Edivaldo Bitencourt31/03/20254 Mins Read
Integrante da diretoria da Fetems (Federação dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso do Sul) há 20 anos,
Integrante da diretoria da Fetems (Federação dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso do Sul) há 20 anos, a professora Deumeires Moraes pretende manter a atual política, que considera vitoriosa, e fazer história ao ser a primeira mulher negra a comandar a entidade, a maior do Centro-Oeste com 24 mil filiados. “São mandatos vitoriosos e hoje nós temos concurso público (na rede estadual), poucos estados conseguem fazer concurso”, afirma.
Atual vice-presidente da gestão de Jaime Teixeira, ela se revezou em outras funções na diretoria desde 2005, como secretária geral por dois mandatos, secretária de comunicação e adjunta em três ocasiões. “Estou preparada para ser presidente”, destaca a professora, que foi escolhida para ser a candidata pelo seu o grupo, o ArtSind (Articulação Sindical). “Fui nome de consenso”, frisa.
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Deumeires defende a atual gestão ao listar as conquistas, como o pagamento do maior salário do País ao professor concursado da rede estadual de ensino. “É uma diferença de 40% para o segundo colocado”, garante. Ela reconhece, contudo, que os professores temporários, 50% do total, recebem um salário inferior.
Para a candidata da situação, equiparar o salário de concursado e temporário é o maior desafio. Ela lembra que a Fetems lutou contra o projeto de lei de Reinaldo Azambuja (PSDB), aprovado em julho de 2019, que reduziu o salário do docente sem concurso para a metade do efetivo. A professora destacou que houve manifestação contra a proposta na Assembleia Legislativa e houve mobilização de 1,5 mil professores nas férias de julho.
A vice-presidente ainda rememorou que a federação foi ao Supremo Tribunal Federal contra a lei que reduziu os salários, mas foi derrotada pelo placar de 9 a 1. Apesar de defender a luta para equiparar, Deumeires avalia que a melhor forma de garantir uma remuneração melhor ao professor é o concurso público.
Ela cita a “negociação histórica” que garantiu jornada de seis horas aos administrativos da educação. “Foi resultado de uma greve histórica, que mostrou para a comunidade escolar a importância do servidor administrativo”, conta. Também destaca que eles tiveram reajuste de 15% neste ano, que chegou a 27% com a reestruturação na carreira e a valorização dos funcionários com nível superior.
Propostas
Deumeires Moraes apresenta como principal proposta a realização de concurso público e a recuperação salarial dos professores convocados. Essas serão as prioridades da sua eventual gestão, que ela classifica como desafios.
Outro desafio é a luta contra a privatização da educação, que vem ocorrendo em outros estados brasileiros, como Paraná, governador por Ratinho Júnior (PSD), e São Paulo, de Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Não precisa privatizar para investir”, critica. A professora diz que o governo paraense investe 10 vezes mais na escola privatizada do que na gerida pelo poder público.
Outra luta será a manutenção da luta contra a cobrança da alíquota previdenciária de 14% dos professores aposentados, também aprovada na gestão de Reinaldo em 2019 e implementada em 2022.
Entre os professores, Deumeires defende a luta para que a reestruturação da carreira contemple o profissional com doutorado. Apesar de a Fetems ser a maior entidade sindical do Estado, ela propõe uma campanha de conscientização para conquistar os professores jovens. O objetivo é convence-los de que sem a luta sindical não seria possível as atuais conquistas da categoria.
Professora de ciências e matemática, Deumeires é atual vice-presidente da Fetems (Foto: Arquivo)
Perfil
Deumeires Moraes é natural de Tupi Paulista (SP) e começou a trabalhar como professora em Dourados em 1987. Professora de Matemática formada pela UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e Ciências por uma faculdade de Dracena, ela também tem pós-graduação em Gestão Escolar.
Ainda como professora convocada, ela foi a primeira a entrar na Justiça e obter direito a licença maternidade mesmo não sendo concursada. Foi diretora por seis mandatos de uma escola em Dourados e aposentou-se em 2022. Está na direção da Fetems desde 2005.
Atualmente, como vice-presidente, Deumeires Moraes vai para a eleição de 2 de junho com a intenção de fazer história ao ser a primeira mulher negra a comandar a Fetems.